Uma edição para te guiar, e te ajudar a parar de se comparar! 🧭
Escolhas, sucesso profissional, comparação e a bússola interna.
Edição 42
Nota do artista
No que você baseia suas decisões? Eu sei que a resposta para essa pergunta pode ser complexa já que o motivo das nossas escolhas pode variar de tempos em tempos. Mas é que acredito que pelo menos um princípio você deve ter para te dar um norte na vida, senão, você vai acabar vivendo a vida que esperam que você viva, e não a que você quer viver.
Sempre tomei minhas decisões baseado no que, no texto, eu chamo de “a bússola interna”. É aquela vozinha incômoda no fundo do peito (ou da consciência?) que fica te dizendo que algo não está certo, mesmo quando o que você está fazendo parece ser a coisa correta a se fazer diante dos olhos da sociedade.
Sempre me guiei com base nessa minha verdade interna, o problema é que de vez em quando me esqueço disso e começo a me comparar com todo mundo. Para isso, basta acessar qualquer rede social. Todas as minhas escolhas de repente parecem ter sido erradas e o meu conceito de sucesso parece se resumir a ter dinheiro.
Esqueço dos porquês que eu tinha e que me fizeram tomar as decisões que tomei. Esqueço dos dias em que ia chorar no banheiro do trabalho porque não aguentava mais tanta pressão, das voltas para casa deprimido dentro do ônibus sabendo que no dia seguinte teria que estar lá novamente. Esqueço da falta de propósito que eu sentia em criar textos e peças de arte para vender terrenos em loteamentos, produtos de supermercado e roupas de ginástica.
É que quando a situação no presente aperta um pouco mais e a vida parece me repuxar, tenho essa tendência a romantizar o passado e querer me culpar, ao invés de enxergar que tudo foi feito com base no que a minha bússola interna me dizia para fazer. E, se tem algo que a gente sente quando estamos sendo guiados por ela, é paz.
Então, se as coisas estiverem um pouco apertadas demais para você no momento e a comparação com a vida dos coleguinhas te colocar para baixo, tente lembrar dos porquês que te fizeram chegar onde está hoje. E mesmo que a sua conta bancária não seja nada invejável, procure sondar o sentimento que você sente agora. Se, apesar de tudo, você se sente em paz, saiba que a escolha foi correta.
E se você acha que não tem uma bússola interna ou está desconectado demais da sua para poder escutá-la, eu fiz um favor para você e estou te dando uma de presente.
Isso mesmo, um arquivo digital de um poster, no tamanho A4, da sua bússola interna para você baixar, imprimir e pendurar em frente à sua mesa de trabalho, na parede ou no teto do seu quarto, para que você nunca mais esqueça de se guiar pela sua verdade.
Abraço grande e uma semana de decisões feitas com o coração!
P.S: Agir com o coração não é agir com o sentimento. Sentimento passa. Coração é a sua verdade, o seu Eu mais autêntico. ❤️
"Lembra o tempo em que você sentia
e sentir era a forma mais sábia de saber
e você nem sabia?"
(Alice Ruiz)
Crônica Ilustrada
A bússola interna
A bússola é interna. Essa frase me veio à mente enquanto eu refletia sobre as decisões que tomei no passado. É que, de vez em quando, me pego comparando minha vida com a de alguns colegas, e quando faço isso, penso que demorei a amadurecer.
A maioria dessas pessoas eu admirava pela maturidade com que elas lidavam com certos aspectos da vida. Penso que elas, por exemplo, tiveram mais resistência do que eu para enfrentar as dificuldades da área profissional. Não saíam dos empregos só porque estavam infelizes.
Mas nessas horas sou duro o suficiente comigo para esquecer que o problema era justamente esse. Quem estava infeliz era eu, não elas. O emprego que elas tinham, era a forma que encontraram de abrir seus próprios caminhos. Eu precisava encontrar o meu.
Eu me permitia sair dos empregos que sugavam minha saúde mental porque eu sabia que, na casa dos meus pais, pelo menos um teto e um prato de comida eu iria ter, mesmo sabendo que a minha liberdade seria limitada pela falta de dinheiro.
É que chega uma hora em que você percebe que não tem salário que pague o seu bem estar. E eu nunca fui de me submeter a coisas que me deixam infeliz. Sempre fui radical na hora de tirar da frente o que não me fazia bem, mesmo que isso significasse ficar sem grana.
Procurar se orientar pela bússola interna é difícil, porque na maioria das vezes ela nos manda nadar contra a corrente, e as decisões que ela sugere quebram o nosso ego em diferentes pedacinhos.
Não é fácil assumir as consequências das próprias decisões, principalmente quando elas não envolvem um retorno financeiro. Até hoje, a sensação de não estar avançando me consome por horas. Mas a questão é que quando a velocidade está muito alta, não percebemos o quanto já nos movemos, a sensação de estagnação é apenas sensação.
Por mais que, de vez em quando, eu questione o meu passado e tente me convencer de que não existe mérito nenhum nas minhas decisões, já que não me tornei bem-sucedido em nada, pelo menos tenho a certeza de que fiz minhas escolhas buscando também uma realização pessoal, não apenas material, e sem focar tanto no que as pessoas iriam pensar de mim.
Com um pouco mais de calma e reflexão, percebo que a comparação é injusta, porque além de ignorar os pormenores da vida de cada um, ela também se faz indiferente à voz interna, que tenta a todo custo ser ouvida, por mais que em alguns momentos tentemos nos fazer de surdos.
Quando olho para o passado com uma visão carregada de julgamento, esqueço que eu estava fazendo o que me parecia ser melhor para mim. Estava me orientando pela bússola interna.
Já tentei por diversas vezes ignorar essa orientação, porque o que a sociedade dizia que eu deveria correr atrás me parecia ser sempre mais atraente para o meu ego: iria me fazer famoso, reconhecido, ter muito dinheiro. E tudo isso antes dos trinta.
Mesmo que eu pudesse ter tomado as decisões diferentes e tivesse conquistado as coisas que diziam que eu deveria conquistar, ainda assim, acredito que hoje eu estaria no mesmo lugar que me encontro agora.
Porque a mesma situação que se apresentou no passado, e que me fez querer mudar de rumo, continuaria a se apresentar, e eu seria impelido, de uma forma ou de outra, a tomar as mesmas decisões.
Não vale a pena insistir em algo em que o seu coração não está. Eu só teria mais sofrimento. E por mais que de vez em quando eu me pegue olhando para o passado querendo encontrar pontas soltas, admito que não tem.
Acredito que eu dei a volta que eu precisava dar nas experiências da vida para que eu pudesse ter a consciência e o conhecimento que eu tenho hoje. Não, eu não estou no lugar errado e não estou atrasado, porque não tem ninguém adiantado.
As coisas são o que são, e o que nos resta é aceitar o que temos com o melhor da nossa paciência e gratidão, porque é a consciência adquirida que vale o esforço, as dores, as alegrias e as tristezas de todas as experiências passadas.
É sobre quem eu sou, e não quem eu fui. E por mais que em alguns momentos seja difícil admitir isso para o meu ego, que insiste em se comparar de vez em quando, eu sou bem feliz com a pessoa que me tornei. E sim, o mérito é todo meu.
Desdobramentos
Conteúdos que nasceram a partir desta edição.
📹 Você também pode conferir a crônica desta edição em áudio, enquanto assiste o processo criativo da ilustração. É só clicar no vídeo a seguir:
Uma palavra e uma pergunta
✨ Verdade. O que é que o teu coração tem te dito?
adorei o texto
Minha questão com a bússola interna é saber distingui-la do medo. Mas acho que fazer algo que te deixa infeliz realmente não é a melhor opção, as vezes é melhor dar um passo pra trás pra olhar melhor aonde você realmente quer chegar. Bjão